BBB Tocantins: o único reality em que o eliminado volta antes da próxima prova
Se alguém ainda tinha dúvidas de que o Judiciário brasileiro virou um parque de diversões, o episódio do vai-e-volta do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), tratou de confirmar. A história começou com o STJ afastando o governador liminarmente e, para garantir que ninguém duvidasse, o colegiado foi lá e confirmou o afastamento. Tudo muito firme, muito decidido… até durar três meses na linha do tempo da política tocantinense.
Aí entra o STF, que resolveu aplicar a sua própria regra do agora-é-assim: o ministro Nunes Marques concedeu uma liminar trazendo Wanderlei de volta ao cargo. E, claro, para equilibrar o espetáculo, a Segunda Turma referendou o retorno. Faltou apenas tocar aquela música de novela quando o personagem ressuscita.
Enquanto isso, na montanha do sobe e desce, o contribuinte tenta entender: “Afinal, quem é o governador hoje?” Porque, sejamos sinceros, está mais fácil acompanhar a troca de técnicos no futebol brasileiro do que saber se é Laurez (o vice) ou Wanderlei quem está sentado na cadeira principal.
E nas secretarias e autarquias? Ah, aí o show é ainda melhor. Muda tudo do dia para a noite: secretários, subsecretários, superintendentes, diretorias e até cargos que ninguém sabe muito bem para que servem, mas que passam por uma renovação espiritual toda vez que o comando muda. O Tocantins virou um reality show político em que ninguém está 100% eliminado — basta uma liminar e pronto, o personagem reaparece no episódio seguinte.
Nos bastidores e nos grupos de WhatsApp, ninguém debate mais o que diz a lei. Isso virou detalhe. O que importa agora é saber se os ministros votantes são “de esquerda”, “de direita”, “bolsonaristas”, “lulistas” ou apenas “acordam de bom humor na quarta-feira”. O mérito da ação? A fundamentação jurídica? Bobagem. Os torcedores querem saber é de que time o juiz é.
E a confiança no Judiciário? Bom, essa já não participa desse enredo faz tempo. O país mantém um poder caríssimo, custeado pelo contribuinte, que deveria ser o guardião da ordem, mas que, na prática, virou protagonista de um espetáculo de idas e vindas digno de uma comédia política. Uma comédia, aliás, sem graça para quem paga a conta — e tampouco boa para a economia e a estabilidade do Estado.
No final das contas, a deusa da Justiça — aquela que deveria ser cega — abandonou a venda faz tempo. Hoje ela enxerga tudo: partidos, padrinhos políticos, interesses, humores e conveniências. Nos tribunais superiores, então, a visão dela é 20/20, cristalina, perfeita para avaliar quem a indicou, quem não indicou e quem vai garantir a harmonia do espetáculo.
E assim seguimos, nesse carrossel institucional em que ninguém sabe quem governa, quem manda, quem sai, quem volta — mas todo mundo sabe quem paga. Spoiler: não é o STJ nem o STF. É você.
Tocantins: o reality da política onde eliminação é só uma pausa.